quinta-feira, 3 de abril de 2014

Texto de Roberta Garattoni*

As dores e delícias de morar sozinho podem mudar um pouco quando se tem um bicho de estimação. Isso porque, na prática, você não está mais sozinho já que um ou mais serezinhos comem, dormem e perambulam pelo seu apê – e por dez, quinze anos ou mais.

Em quase um ano com minhas duas gatas vira-latas, Lorena e Pamplona, a primeira coisa que faço todos os dias é abrir um sorriso. Mas claro que nem todos os dias são tão floridos e há algumas aventuras reservadas para os “donos de primeira viagem”. Por isso, é interessante levar algumas coisas em consideração antes de decidir ter um pet:



1 – Quem frequenta sua casa
É importante pensar em como as pessoas que estão sempre pelo seu château vão lidar com o pet. A decisão final é sua, claro, mas, se você namora alguém alérgico ou tem uma mãe com fobia de gatos (como era o caso da minha), pode ser prudente conversar antes e apresentar seus argumentos em defesa do bichinho, oferecendo alternativas que amenizem algum possível desconforto. Eu e meu ex-namorado negociamos, por exemplo, que as duas gatas teriam acesso liberado à casa toda, menos ao quarto – porque ele se incomodava bastante com a ideia de pêlos, bagunça e xixi na cama (pode acontecer). Feita essa pequena restrição, tudo foi alegria e ele se tornou um dos maiores fãs das pequenas. Elas aprenderam a abrir a porta do quarto em pouco tempo, mas nada que uma maçaneta redonda não tenha resolvido.

2 – Espaço e rotina para dois
Avalie o tamanho da sua casa antes de escolher a espécie e o porte do animal. Geralmente, cachorros pequenos ou gatos se dão melhor em apartamentos de quem mora sozinho, que tendem a ter metragem reduzida (mas se você mora num palacete e quer ter um labrador, go ahead). Seu ritmo de vida também é importante para a felicidade de dono e bicho: se você não tem saco de acordar mais cedo todos os dias para passear com o cachorro nem tem quem faça isso por você, pode ser o caso de optar por um felino, que não precisa sair e fica melhor sozinho o dia todo, ou outra espécie que não demande tanta atenção.


3 – Grana

Vale a pena conversar com quem já tem o bichinho para o qual você pretende abrir a porta de casa e, aí, botar no lápis as despesas mensais. Cachorros precisam de mais banhos e mais idas ao veterinário, enquanto gatos tomam banho uma vez por mês ou menos, por exemplo. E saiba que a despesa inicial é bem maior: idas extras ao veterinário, vacinas pendentes, caminhas, coleiras, potes de comida e água, caixas de transporte e rede em todas as janelas (no caso dos gatos), além da penca de brinquedos (e roupinhas!) que você vai acabar comprando na empolgação. Outras espécies, como peixes, pássaros, porquinhos da índia, etc., também têm suas necessidades específicas, que trazem custos particulares. Ter um aquário, por exemplo, exige uma infra razoavelmente sofisticada e bastante dedicação. Ou seja, informe-se e esteja preparado para o capital inicial que montar o “enxoval” do bicho vai exigir. Depois, a rotina entra nos eixos e a despesa mensal se regulariza.

4 – Comprar x Adotar
Com a decisão tomada, é hora de escolher de onde vem o futuro bichinho. Sou totalmente contra comprar um animal, por uma série de motivos, embora respeite quem opta por isso. Antes de resolver entrar num petshop com cartão de crédito a postos, é bom saber que há bichos para todos os gostos – de vira-latas a animais de raça, filhotes e velhinhos – esperando a chance de serem adotados. Pegar na rua é um caminho, mas sou mais a favor de colaborar com o trabalho de ONGs sérias que organizam o processo de adoção. Elas entregam o animal vacinado, muitas vezes castrado e ainda oferecem apoio ao novo dono, com cartilhas de orientações gerais e até convênios com veterinários. Considere, ainda, a possibilidade de adotar dois animais (lembrando sempre do tamanho da casa). Eles vivem melhor com companhia e é uma graça assistir os dois brincando e dormindo juntos. E, se gostar dessa ideia, adote os dois de uma vez. Inserir um novo animal no ambiente mais tarde, quando o primeiro já for dono do pedaço, pode ser um belo desafio.


5 – Bagunças e travessuras
Ter bicho em casa chacoalha as estruturas do quarto e sala que você tanto se esmera em manter apresentável – ou já bagunça com louvor você mesmo. É pêlo pra tudo quanto é lado, xixi fora de lugar até que ele aprenda o lugar certo e até vômitos pontuais. Gatos podem adquirir o hábito de arranhar o sofá e cães às vezes gostam de tirar todas as suas roupas do lugar e dormir em cima, roer móveis e mais uma porção de passatempos “fofos”. Com tudo isso, pode ser o caso de investir em uma diarista ou, se é você o faxineiro do lar, em uma rotina mais constante de limpeza. Também é necessário reorganizar algumas coisas como se tivesse um bebê em casa: produtos de limpeza bem guardados e objetos afiados ou frágeis, longe do alcance das “crianças”. Largar comida em cima da mesa ou louça com restos na pia também é fatal – é só dar as costas pro bicho ir lá.

6 – Elementos surpresa
Parece piada, mas, enquanto escrevia o começo desse texto, uma das minhas gatas espatifou meu enfeite preferido brincando de pega pega com a irmã. Quando você acha que já “blindou” a casa suficientemente (esse enfeite estava em uma altura nunca antes navegada pelas duas em um ano), pode ter certeza que eles vão achar um meio de aprontar uma nova. Nem sempre é caso de peraltice – a outra gatinha quebrou a pata (não se sabe como) dentro do apartamento de madrugada, o que significou um mês inteiro de cuidados intensos. Para tudo isso, relaxe, são coisas que acontecem. E tenha em mãos super bonder pra colar os caquinhos (é até uma terapia ocupacional, veja pelo lado bom) e telefones de veterinários e clínicas 24h pregados na geladeira. Há muito mais surpresas envolvidas em morar quase sozinho que não cabem em um post e variam muito a cada caso. A “personalidade” de cada animal é única. Se ele será um capeta, um anjinho, tímido ou “dado”, vai depender de fatores como espécie, raça, genética e criação. Mas, certamente, vai ser a sua cara!

*Roberta Garattoni, tem 28 anos, é RP e mora em São Paulo. As dicas acima e as gatinhas nas fotos são dela :)
Créditos: Em Casa Sozinho

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